O valor contrajuntivo de "acontece que"
DOI:
https://doi.org/10.18364/rc.v1i59.355Palabras clave:
contraste, contextos, Funcionalismo, mudança linguística.Resumen
O artigo analisa os micropassos de mudança linguística da construção contrajuntiva “acontece que”, utilizando pressupostos teóricos do Funcionalismo norte-americano e da LCU. Ao investigarmos textos dos séculos XV ao XXI, computamos 93 ocorrências em três padrões de uso. O primeiro padrão, contexto-fonte, apresenta o verbo acontecer que predica um sujeito oracional, num cotexto contrastivo, marcado por oposição lexical; um segundo padrão, [X acontece que], contexto crítico, instancia “acontece que” com função de focalizador da informação, sempre antecedido por conectores contrajuntivos, “mas”, e, “agora”; um terceiro padrão, [Aconteceque], contexto isolado, apresenta a gramaticalização de “acontece que” como focalizador e como operador argumentativo de contraste. Observa-se que, dentre os valores semânticos da conjunção prototípica “mas”, propostos por Neves (2011), a construção “acontece que” apresenta: contraposição de informação (parcialmente) nova, restringindo negativamente A; contraposição independente, sendo B um elemento não esperado; ou ainda o elemento B nega tudo o que foi considerado em A.Descargas
Citas
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2010.
BALLY, Charles. Linguistique générale et linguistique française. 4 ed. Editions Francke Berne, 1965 [1944].
BRAGA, Maria Luíza. Processos de combinação de orações: enfoques funcionalistas e gramaticalização. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 5, n. 9, p. 23-34, 2º semestre 2001.
BYBEE, Joan. Mechanisms of change in gramaticalization: the role of frequency. In: JANDA, R.; BRIAN, J. (Orgs.). Handbook of Historical Linguistics Structure. Oxford: Blackwell, 2003.
BYBEE, Joan. Language, usage and cognition. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
BYBEE, Joan. Língua, uso e cognição / Joan Bybee; tradução Maria Angélica Furtado da Cunha. São Paulo: Cortez, 2016.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Editora Contexto. (768 p.), 2010.
CHAFE, Wallace L. The deployment of consciousness in the production of a narrative. In:
Chafe, Wallace L. Meaning and the Structure of Language. Chicago: University of Chicago,1980.
CORRÊA, Karina da Silva. A mudança linguística da construção "acontece que". Dissertação (mestrado) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2019.
DECAT, Maria Beatriz Nascimento. Por uma abordagem da (in) dependência de cláusulas à luz da noção de “unidade informacional”. SCRIPTA, Belo Horizonte, p. 23-38, 1o semestre, 1999.
DECAT , Maria Beatriz do Nascimento. Estruturas “desgarradas” em língua portuguesa. São Paulo. Pontes Editores, 2011.
DECAT , Maria Beatriz do Nascimento. A noção de unidade informacional no tratamento da subordinação. In: Revista Veredas on-line. 2014/2 - pág. 123-135 – PPG-LINGUÍSTICA/UFJF – JUIZ DE FORA /MG.
DIEWALD, G. (2006). Context types in grammaticalization as constructions. Constructions SV1-9/2006. Disponível em: www.constructions-online.de:0009-4-6860>.
Givon, Talmy. Syntax: a functional-typological introduction. Amsterdam: John Benjamins, 2001.
GONÇALVES, Sebastião Carlos Leite; Sousa, Gisele Cássia de; Casseb-Galvão, Vânia Cristina. As construções subordinadas substantivas. In: Castilho, Ataliba T. de (org). Gramática do português culto falado no Brasil. Vol 2. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.
HALLIDAY, M.A.K. An introduction to functional grammar. 2. ed. London/New York:
Arnold/Oxford University Press, 1994 [1985].
HEINE, Bernd. On the role of context in grammaticalization. In: WISCHER, I; DIEWALD, G. (Eds.). New reflections on grammaticalization. Philadelphia, PA: John Benjamins Publishing Company, 2002.
HEINE, Bernd. “Grammaticalization”. In.: JOSEPH, Brian. & JANDA, Richard D. The
handbook of historical linguistics. Oxford: Blackwell, 2003.
HILPERT, Martin. Constructional Change in English. Cambridge University Press, 2013.
KOCH, Ingedore; G. VILLAÇA. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 1996.
LAMBRECHT, K. Information structure and sentence form. A theory of topic, focus, and the mental representations of discourse referents. Cambridge: Cambridge University Press, Cambridge Studies in Linguistics, vol. 71, 1994.
LEITE DE OLIVEIRA, Diego. Construções de foco com o marcador “éto” em russo. Tese de doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ, 2017.
LONGHIN, Sanderléia Roberta. A gramaticalização da perifrase conjuncional 'só que'. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Campinas, SP: [s.n.], 2002.
MARTELOTTA, Mário E. Operadores argumentativos e marcadores discursivos. In Votre et al. (org.), pp. 103-106, 2007.
NEVES, Maria H. M. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
Oliveira (2017)
OLIVEIRA, Simone da Silva de. Construcionalização/mudanças construcionais de porém, contudo e todavia: um estudo pancrônico à luz dos modelos baseados no uso. Tese de (doutorado) - Rio de Janeiro: UFRJ / Letras, 2018.
PEZATTI, Erotilde G. & LOGHIN-THOMAZI, Sanderleia. As construções coordenadas. In: ILARI, Rodolfo; NEVES, Maria Helena de Moura (Orgs.). Gramática do Português Culto Falado no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, v. II, 2008.
PRINCE, E. A comparison of wh-clefts and it-clefts in discourse. Language 54, 1978. 883–906.
Silva, C. e Oliveira, M. José. Revista do GELNE, Natal/RN, Vol. 14 Número Especial: 57-76. 2012.
ROCHA, Maura A. Freitas; Lopes, Ruth E. Vasconcellos. In: Castilho, Ataliba T. de (org). Gramática do português culto falado no Brasil. Vol 3. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.
TAYLOR, John R. Linguistic categorization: prototypes in linguistic theory. New York: Oxford University Press, 1995. P
TRAVAGLIA, Luiz Carlos (2003). “A gramaticalização de verbos”. In: Henriques, Cláudio Cezar (org.). Linguagem, conhecimento e aplicação – Estudos de língua e linguística. Rio de Janeiro: Editora Europa, 2003: 306-321.