Desgarramento e pontuação em textos de vestibulandos

Autores

  • Violeta Virginia Rodrigues UFRJ
  • David Novaes Cidade Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.18364/rc.2021n61.476

Palavras-chave:

Funcionalismo, hipotaxe, desgarramento, função textual-discursiva, pontuação.

Resumo

O fenômeno do desgarramento permite-nos aceitar a possibilidade de que “subordinadas” ocorram sintaticamente independentes de suas principais e separadas destas por ponto final. Segundo Decat (2011), desgarramento é o fenômeno pelo qual se identificam unidades de informação que ocorrem soltas nas estruturas linguísticas e o ponto é o principal índice deste fenômeno na escrita. Partimos, portanto, da hipótese de que o uso não-convencional (TENANI; SONCIN, 2010) desse sinal de pontuação, de forma a isolar e realçar as “subordinadas” que tradicionalmente comporiam um período composto, não só modifica a estrutura sintática do período como também evidencia uma intenção comunicativa do escrevente. Assim, adotamos a proposta funcionalista de que relativas apositivas e circunstanciais constituem casos de hipotaxe e não de subordinação, e analisamos usos dessas estruturas materializadas de forma desgarrada em um corpus composto de 197 redações do site educacao.uol.com.br (CIDADE, 2020). Os resultados encontrados confirmam os de Rodrigues (2019).

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Biografia do Autor

Violeta Virginia Rodrigues, UFRJ

Doutora em Letras Vernáculas (2001) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fez estágio pós-doutoral na Universidade Federal de Minas Gerais sob supervisão da Professora Doutora Maria Beatriz Nascimento Decat. Atualmente, é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, atuando nos cursos de Graduação da Faculdade de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas.

David Novaes Cidade, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui Licenciatura em Letras (Português/Alemão) pela UFRJ e colaborou no Projeto Cláusulas Hipotáticas: Interface Sintaxe e Prosódia (2016-2018) sob orientação da Prof.ª Dr.ª Violeta Rodrigues.

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Publicado

05.09.2021

Edição

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Artigos