A variação da concordância nominal de número no português popular do sertão baiano (século xx): análise mórfica
DOI:
https://doi.org/10.18364/rc.v1i56.261Resumo
Este artigo discute a variação da concordância nominal de número, apresentando uma abordagem mórfica, em 91 cartas pessoais, editadas por Santiago (2012), escritas entre 1906 e 2000 por sertanejos baianos semialfabetizados, definidos como “inábeis” (MARQUILHAS, 2000). Para tanto, constroi-se de acordo com o escopo teórico da Linguística Histórica stricto senso, nos termos definidos por Mattos e Silva (2008), e da Sociolinguística Laboviana (LABOV, 1972), para a qual a mudança deve ser explicada não somente por argumentos internos ao sistema, mas também pelos externos. A partir da análise dos dados, foram identificados os fatores linguísticos e sociais que mais condicionam a variação do fenômeno em questão.Downloads
Referências
ALI, M. S. Gramática secundaria da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1927. 25p.
ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. 38. ed. São Paulo: Saraiva, 1992. 658p.
ANDRADE, P. R. de. Um fragmento da constituição sócio-histórica do português do Brasil: variação na concordância nominal de número em um dialeto afro-brasileiro. 2003. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa, UFBA, Salvador.
BAXTER, A. A concordância de número. In: LUCCHESI, D.; BAXTER, A. N.; RIBEIRO, I. (Org.). O Português Afro-Brasileiro. Salvador: EDUFBA, p. 269-293, 2009.
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1999.
BRANDÃO, S. F.; VIEIRA, S. R. (Org). Ensino de gramática-descrição e uso. São Paulo: Ed. Contexto, 2009.
CUNHA, C; CINTRA, L. F. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
FERRARI-NETO, J. Aquisição de Número Gramatical no Português Brasileiro: Processamento de Informação de Interface e Concordância. 2008. Tese (Doutorado em Letras – Estudos da Linguagem), PUC, Rio de Janeiro, 2008.
FERRARI-NETO, J. Reconhecimento do número gramatical e processamento da concordância de número no sintagma determinante na aquisição do português brasileiro. 2003. Dissertação de Mestrado – PUC, Rio de Janeiro.
LABOV, W. Padrões Sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008. [1972].
LABOV, W. Building on Empirical Foundations. In: LEHMANN, W.; MALKIEL, Y. Perspectives on Historical Linguistics. Amsterdam: John Benjamins: p.17-92, 1982.
LASS, R. Historical Linguistics and Language Change. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
LOPES, N. S. Concordância nominal, contexto lingüístico e sociedade. 2001. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
LOPES, R. E. V. Bare Nouns and DP Number Agreement in The Acquisition of Brazilian Portuguese. Cascadilla Proceedings Project, 2006.
LOPES, R. E. V. Estágios no processo de aquisição de número no DP do português brasileiro. Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 39, n. 3, p. 157-171, 2004.
LUCCHESI, D. Africanos, crioulos e a língua portuguesa. In: LIMA, I. S.; CARMO, L. do (Org.). História social da língua nacional. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, p. 148-168, 2008.
MARQUILHAS, R. A faculdade das letras: leitura e escrita em Portugal no séc. XVII. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000.
MATTOS E SILVA. R. V. Caminhos da Linguística Histórica: ouvir o inaudível. São Paulo: Parábola, 2008.
NARO, A. J; SCHERRE, M. M. A concordância de número no português do Brasil um caso típico de variação inerente. In: HORA, D. da (Org.). Diversidade Linguística no Brasil. João Pessoa: Idéia, p. 93-114, 1997.
OLIVEIRA, K; SOUZA, V.; COELHO, J. S. B. Concordância nominal (cenas da variação em palcos do século XIX). In: LOBO, T. C. F. (Org.). África à vista: dez estudos sobre o português escrito por africanos no Brasil do século XIX. Salvador: EDUFBA, p. 255-316, 2009.
PEREIRA, C. E. Gramática Expositiva: curso superior. São Paulo: Compania Editora Nacional, 1949.
ROCHA LIMA, C. H. Gramática normativa da língua portuguesa. 23. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983.
SANKOFF, D. et al. Goldvarb X: a multivariate analysis application. Toronto: Department of Linguistics; Ottawa: Department of Mathematics. 2005. Disponível em: <http://individual.utoronto.ca/tagliamonte/Goldvarb/GV_index.htm#ref>. Acesso em: 01 de maio de 2016.
SANTIAGO, H. S. Um estudo do português popular brasileiro em cartas pessoais de mãos “cândidas” do sertão baiano. 2012. Dissertação de Mestrado - UEFS, Feira de Santana.
SCHERRE, M. M. A concordância de número nos predicativos e nos particípios passivos. Organon – A variação no português do Brasil. Porto Alegre, UFRGS-Instituto de Letras, p. 52-70, 1991.
SCHERRE, M. M. Reanálise da concordância nominal em português. 1988.Tese de Doutorado em Linguística – Faculdade de Letras, UFRJ, Rio de Janeiro.
SCHMITT, C.; MUNN. A. Against the nominal mapping parameter: bare nouns in Brazilian Portuguese. In: TAMANJI, P.; HIROTANI, M.; HALL, D. Proceedings of NELS, n. 29, p. 339-353, 1999.
SIMIONI, L. A aquisição da concordância nominal de número no português brasileiro: um parâmetro para a concordância nominal. 2007. Dissertação de Mestrado, UFSC, Florianópolis.
WEINREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. I. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola, 2006. [1968].
XAVIER, M. F.; MIRA MATEUS, M. H. (Org.). Dicionário de termos linguísticos. v. II. Lisboa: Edições Cosmos, 1990.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: a.Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. b.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. c.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado