Aspectos socioculturais expressos no léxico da língua: uma análise dos lexemas ‘quilombo’ e ‘quilombola’
DOI:
https://doi.org/10.18364/rc.v0i0.336Palavras-chave:
Léxico, Lexicografia, Quilombola.Resumo
No léxico estão registrados os elementos culturais e sociais de um grupo, e sendo tais elementos dinâmicos, acompanham o processo de transformação social ao longo dos tempos. O objetivo deste estudo é apresentar uma análise a respeito dos significados atribuídos aos lexemas ‘quilombo’ e ‘quilombola’, observando as definições quando figuram como palavra-entrada e quando são encontrados nos enunciados lexicográficos de outras unidades léxicas, em relação à situação dos negros ao longo da história brasileira. A análise foi feita a partir de consulta aos dicionários Bluteau (1728), Moraes e Silva (1789), Silva Pinto (1832), Ferreira (1975, 1986, 2004, 2010) e Houaiss (2001) e às obras de Senna (1938), Souza (1939), Ramos (1953), Carneiro (1947). Tomamos como fundamentos teórico-metodológicos estudos em Lexicologia e Lexicografia, bem como pesquisas voltadas para o entendimento dos aspectos socioculturais da comunidade negra. O resultado desta investigação evidencia o fato de que a produção lexicográfica existe em uma espécie de simbiose com a questão sociocultural do momento vivido para ser contextualizada e entendida. As questões culturais e sociais interferem diretamente na formação e na utilização do léxico pelos usuários. As várias acepções analisadas, à exceção das definições contidas no Houaiss (2001), que são ressalvadas pela marcação temporal com verbo no tempo passado e o advérbio temporal “outrora”, que remetem e limitam as conceituações a um momento do passado, fornecem ao consulente informações enraizadas em um passado discriminatório e excludente da história, refletidas no léxico brasileiro do português.Downloads
Referências
ARRUTI, J. M. Mocambo: antropologia e história do processo de formação quilombola. Bauru, SP: Edusc, 2006.
BIDERMAN, M. T. C. Dicionário didático de português. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998.
BIDERMAN, M. T. C. O conhecimento, a terminologia e o dicionário. Ciência e Cultura, v. 58, p. 35-37, 2006.
BIDERMAN, M. T. C. A estrutura mental do léxico. Estudos de Filologia e Linguística. São Paulo: T. A. Queiroz/EDUSP, 1981, p. 131-145.
BIDERMAN, M. T. C. As ciências do léxico. In: OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de; ISQUERDO, Aparecida Negri. As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: UFMS, 2001.
BIDERMAN, M. T. C. Teoria linguística: linguística quantitativa e computacional. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
BIDERMAN, M. T. C. Teoria linguística: teoria lexical e linguística computacional. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
BLEEK, W. H. I. A. Comparative grammar of South African languages. Cape Town: Juta/London: Trübner, 1862-1869.
BLUTEAU, R. Vocabulário portuguez e latino. Lisboa: Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728. 8v., 2 supl.
CARNEIRO, É. O Quilombo dos Palmares, 1630-1695. São Paulo: Brasiliense, 1947.
CASTRO, Y. P. Antropologia e lingüística nos estudos afro-brasileiros. Afro-Ásia 12. Salvador: UFBA, 1976.
CASTRO, Y. P. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks, 2001.
CASTRO, Y. P. Línguas africanas com objeto de estudo e ensino no Brasil. Lusorama, Berlin: p. 52 - 60, 1997.
COSERIU, E. Teoria da linguagem e linguística geral. Rio de Janeiro: Presença; São Paulo: Edusp, 1977.
FERREIRA, A. B. de H. Dicionário Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário AURÉLIO da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.
FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário AURÉLIO da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
FERREIRA, A. B. de H. Dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004.
FERREIRA, A. B. de H. Dicionário da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.
GENOUVRIER, E.; PEYTARD, J. Linguística e Ensino do Português. Tradução de Rodolfo Ilari. Coimbra: Livraria Almedina, 1973.
MARQUES, C. E.; GOMES L. A Constituição de 1988 e a ressignificação dos quilombos contemporâneos: limites e potencialidades. Revista Brasileira de Ciências Sociais. v. 28, n. 81, p. 137-153, 2013.
HOUAISS, A. VILLAR, M. de S.; FRANCO, F. M. M. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2001.
HOUAISS, A. O português do Brasil: pequena enciclopédia da cultura brasileira. Rio de Janeiro: UNIBRADE, 1985.
ISQUERDO, A. N. O fato linguístico como recorte da realidade sócio-cultural. 409 f. Tese (Doutorado em Letras). UNESP, Araraquara-SP, 1996.
JANOTTI JUNIOR, J. S. Mídia, cultura juvenil e rock and roll: comunidades, tribos e grupamentos urbanos. Anais do XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Belo Horizonte, 2003.
MANIZER, G. G. A expedição do acadêmico G. I. Langsdorff ao Brasil (1821-1828). Tradução de Osvaldo Peralva. São Paulo: Cia. Editorial Nacional, 1948.
MARTINET, A. Conceitos fundamentais da Linguística. São Paulo: Martins Fontes. 1976.
MENDONÇA, R. A influência africana no português do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
MUNANGA, K. GOMES, N. L. O negro no Brasil de hoje. 2. ed. São Paulo: Editora Global, 2016.
MUNANGA, K. Origem e histórico do quilombo na África. Revista USP, v. 28, p. 56-64, 1995.
NUNES, J. H. Dicionários do Brasil: análise e história. Campinas: Pontes, 2006.
PINTO, L. M. da S. Diccionario da Lingua Brasileira (1832). Edição Facsimilada. Goiânia: Sociedade Goiana de Cultura; Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central: Centro de Cultura Goiana, 1996.
QUEIROZ, S. Remanescentes culturais africanos no Brasil. Aletria: Revista de Estudos de Literatura. Alteridades em Questão. UFMG. v. 9, p. 48-60, 2002.
RAMOS, A. O negro na civilização brasileira. Rio de Janeiro: Casa do Estudante Brasileiro, 1953.
RUBIM, B. da C. Vocabulario brazileiro (para servir de complemento aos diccionarios da lingua portugueza). Rio de Janeiro: Empresa Typographica Dous de Dezembro, de Paula Brito, 1853.
SAPIR, E. Language: an introduction to the study of speech. New York: Harcourt, Brace and Company, 1949.
SENNA, N de. A distribuição geográfica das tribus indígenas do Brasil: sua ethnogenia. Revista do Archivo Publico Mineiro. Anno XXV, p. 157-176, 1938.
SENNA, N. de. Nótulas sobre a toponímia geográfica brasílico-indígena em Minas Gerais. Revista do Arquivo Público Mineiro. v.20, 1926.
SILVA, A. de M. Diccionario da língua portuguesa composto pelo Padre D. Rafael Bluteau, reformado, e acrescentado por António de Moraes Silva. Lisboa: Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1789. 2v.
SILVA, A. de M. Diccionario da Lingua Portugueza. 2.ed. Lisboa: Na Typographia Lacerdina, 1813.
SILVA, A. de M. Diccionario da Lingua Portugueza. 8. ed. Rio de Janeiro: Empreza Litteraria Fluminense, 1889.
SOUSA, R. R de. Tradição e cultura - saberes formais e informais: um estudo das interrelações entre as escolas de Muricilândia e a comunidade remanescente de quilombo Dona Juscelina. Tese (Doutorado em Ensino de Línguas e Literatura) - Universidade Federal do Tocantins – Câmpus Universitário de Araguaína - Curso de Pós-Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura, Araguaína, 2017, 196 f.
SILVA, V. C. E-jovens, e-músicas, e-educações: fronteiras dilatadas e diálogos cruzados na era das conexões. (Doutorado em Educação) Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Salvador, 2013, 156 f.
SOUZA, B. J. de. Dicionário da terra e da gente do Brasil. 4. ed. da “Onomástica Geral da Geografia Brasileira”. São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre: Companhia Editora Nacional, 1939.
VERDELHO, T. O dicionário de Morais Silva e o início da lexicografia moderna. História da Língua e História da Gramática - actas do encontro. Braga: Universidade do Minho, ILCH, 2003, p. 473-490.
VILELA, M. Estudos de lexicologia do português. Coimbra: Almedina, 1994.
XATARA C.; BEVILACQUA, C. R. e HUMBLÉ, P. R. M. Dicionário na teoria e na prática: como e para quem são feitos. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: a.Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista. b.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. c.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado