Capixaba tem sotaque? Quem pode dar essa resposta? Questões para a sociolinguística da sociedade
DOI:
https://doi.org/10.18364/rc.2023n65.1333Palavras-chave:
Estudos de Terceira Onda Variacionista, Percepção/avaliação, Identidade, Sotaque capixaba, PluridiscursividadeResumo
Se capixaba tem ou não sotaque é tema de muitas discussões em solo espírito-santense. Este trabalho objetiva (a) depreender de uma certa literatura de/sobre terceira onda variacionista (ECKERT, 2012; 2018, dentre outros) uma ressignificada concepção de percepção e de avaliação e (b) lançar luz sobre como a questão da identidade sociolinguística capixaba pode ser reinterpretada, no âmbito dessa nova fase. Em termos metodológicos, esta investigação é qualitativa e gera dados por meio de revisão bibliográfica e pesquisa de opinião pública. Os resultados apontam para a nova fase variacionista: (a) abrindo mão da noção de consciência/inconsciência linguística; (b) desfazendo a diferença entre avaliação e percepção; e (c) redefinindo a concepção de identidade, por considerá-la em termos de conquistas interacionais, reivindicadas intencionalmente pelos sujeitos. Os resultados ainda apontam para um cenário pluridiscursivo sobre a identidade linguística capixaba, levando-nos a concluir que capixaba tem e não tem sotaque, paradoxalmente.
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