Uma análise discursivo-funcional da correção
DOI:
https://doi.org/10.18364/rc.2023nEspecial.1349Parole chiave:
Discurso falado, correção, clarificação, constituinte extraoracional, ato discursivoAbstract
As atividades de processamento textual podem conter “problemas” de formulação e de continuidade, ao menos na concepção do próprio falante, passíveis, para ele, de reformulação, dentre os quais se incluem as correções. Há dois tipos de correção: a infirmação, que invalida completa ou parcialmente uma informação emitida no discurso precedente e a retificação, em que o Enunciado Fonte e o Reformulador seguem uma mesma direção semântica (FÁVERO; ANDRADE; AQUINO, 1999, p. 61). A Gramática Discursivo Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008) denomina tanto a correção retificadora quanto a infirmativa ora por Clarificação (“Clarification”) ora por Correção (“Correction”). O objetivo deste artigo é fazer uma descrição de dois tipos específicos de constituinte extraoracional na gramática do português falado, a correção e a clarificação, mediante procedimentos qualitativos de análise. Adota-se aqui a posição assumida por Giomi e Keizer (2020) de que esses constituintes são, na realidade, Atos Discursivos que exercem determinadas funções retóricas na superfície textual. Em atenção especial ao postulado funcionalista de que a análise deve debruçar-se sobre a língua em uso no contexto social, tanto quanto possível, aplica-se uma análise qualitativa, de caráter interpretativo, a dados obtidos do material coletado pelo Projeto da Norma Urbana Culta (NURC)/Brasil, tal como historiado por Castilho (1990). Os resultados apontam para o caráter sintaticamente frouxo desses constituintes em relação à estrutura da oração, que lhes permite aparecer em várias posições, repetidas ou não, da codificação morfossintática. Sugerimos, no final, que, na situação discursiva em que o Enunciado Fonte não esteja suficientemente especificado, a reformulação seja denominada Clarificação e, na situação de invalidação do Enunciado Fonte, a reformulação seja denominada Correção.
Downloads
Riferimenti bibliografici
AUTHIER-REVUZ, J, Entre a transparência e a opacidade: um estudo enunciativo do sentido. Porto Alegre. EDIPUCRS, 2004.
BUTLER C. S. Structure and function: a guide to three major structural-functional theories. Part 1: approaches to the simplex clause. Amsterdam: John Benjamins, 2003. 573p.
CASTILHO, A.T. de. Apresentação da Coleção. In: JUBRAN, C.S. (org.) A construção do texto falado. V.I: Gramática do Português Culto Falado no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2015, p. 9-26.
CHOMSKY, N. Aspects of the theory of syntax. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1965.
DIK, S. C. The theory of Functional Grammar, part 1: the structure of the clause. Berlin and New York: De Gruyter Mouton, 1997a. 509p.
DIK, S. C. The theory of Functional Grammar. Part 2: complex and derived constructions. Berlin and New York: De Gruyter Mouton, 1997b. 477p.
FÁVERO, L.L.; ANDRADE, M.L.C.V.O. AQUINO, Z. A Correção do texto falado: tipos, funções e marcas. In: NEVES, M.H.M. (Org.) Gramática do Português Falado (V. VII: Novos estudos). São Paulo: Humanitas/Campinas: Editora da UNICAMP, 1999, p. 53-76.
FÁVERO, L.L.; ANDRADE, M.L.C.V.O. AQUINO, Z. A Estratégias de construção do texto falado: a correção. In: KATO, M.A. (org.) Gramática do Português Falado (V. V: Convergências). Campinas: Editora da UNICAMP, 2002, p.359-69.
FÁVERO, L.L.; ANDRADE, M.L.C.V.O. AQUINO, Z. Correção. In: JUBRAN, C.S. (org.) A construção do texto falado. (V.I: Gramática do Português Culto Falado no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015, p. 241-256.
GALVÃO PASSETTI, G. H.; PEZATTI, E. G. A coordenação adversativa substitutiva não x, mas y: uma análise discursivo-funcional para o apagamento sintático. Alfa-Revista de Linguística, no prelo.
GIOMI, R. The Place of Interpersonal Lexemes in Linguistic Theory, with Special Reference to Functional Discourse Grammar. Corpus Pragmatics, v.5, p. 187–222, 2021.
GIOMI, R.; KEIZER, E. Extra-clausal constituents in Functional Discourse Grammar and form. Revista da Abralin. v 19, n.3, p. 159-185, 2020.
GOFFMAN, E. Rituais de interação: ensaios sobre o comportamento face a face. Tradução de Fábio Rodrigues Ribeiro da Silva. Petrópolis: Vozes, 2011.
GULICH, E; KOTSCHI, T. Les actes de reformulation dan la consultation. La Dame de Caluire. In: BANGE, P. (org.) L’Analyse des interactions verbales. La Dame de Caluire: une consultation. Berna: Peter Lang, 1987, p. 15-81.
HANNAY, M.; MACKENZIE, J. L. Effective writing in English: a resource guide. Groningen: Martinus Nijhoff, 1996. 385p.
HANNAY, M.; VESTER, E. Non-restrictive relatives and the representation of complex sentences, in: AUWERA, J. Van de; GOOSSENS, L. (eds.), Ins and outs of the predication. Dordrecht: Foris, 1987, p. 39-52.
HENGEVELD, K.; MACKENZIE, J. L. Functional Discourse Grammar: a typologically-based theory of language structure. Oxford: Oxford University Press, 2008.
HENGEVELD, K.; MACKENZIE, J. L. Gramática Discursivo-Funcional. In: SOUZA, E. R. (org.), Funcionalismo linguístico: novas tendências teóricas. Tradução de Marize M. Dall’Aglio-Hattnher. São Paulo: Contexto, 2012, p 43-86.
HILGERT, J. G. Parafraseamento. In: JUBRAN, C.S. (org.) A construção do texto falado. V.I: Gramática do Português Culto Falado no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2015, p. 257-278.
HUDDLESTON, R. et al. Coordination and supplementation. In: HUDDLESTON, R.; PULLUM, G. K. (eds.). The Cambridge grammar of the English language. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
HYMES, D. On communicative competence. In: PRIDE, J.B.; HOLMES, J. (eds.), Sociolinguistics. Harmondsworth: Penguin, 1972, p. 269-293.
JUBRAN, C. S. Introdução. In: JUBRAN, C.S. (org.) A construção do texto falado. Gramática do português falado culto, v. 1. São Paulo: Contexto, 2015, p. 27-36.
KEIZER, E. A Functional Discourse Grammar for English. Oxford: Oxford University Press, 2015. 360p.
KEIZER, E. Interpersonal adverbs in FDG: the case of frankly. In: KEIZER, E.; OLBERTZ, H. (eds.). Recent developments in Functional Discourse Grammar. Amsterdam: John Benjamins, 2018. p. 48-88.
KEIZER, E. The semantics, syntax and prosody of adverbs in English: an FDG perspective. In: KALTENBÖCK, G.; HASELOW, A. (ed.). Grammar and cognition: dualistic models of language structure and language processing. Amsterdam: John Benjamins, 2020, p. 191-231.
KOCH, I. V. A especificidade do texto falado. In: JUBRAN, C.S. (org.) A construção do texto falado. V.I: Gramática do Português Culto Falado no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2015, p.39-46)
KOCH, I.V. et alii. Proposta teórica do grupo de organização textual-interativa do PGPF, mimeo, 1994.
KROON, C. Causal connectors in Latin; the discourse function of nam, enim, igitur and ergo, in: LAVENCY, M. LONGREE, D (eds.), Actes du V Colloque de Linguistique Latine. Louvain-la-Neuve, p. 231-243, 1989.
PULLUM, G. K.; HUDDLESTON, R. Adjectives and adverbs. In: HUDDLESTON, R.; PULLUM, G. K. (ed.), The Cambridge grammar of the English language. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. p. 525-595.
QUIRK. J; et alii. A comprehensive grammar of the English language. London: Longman, 1985.
VRIES, L. de. Studies in Wambon and Kombai; aspects of two Papuan languages of Irian Jaya. Ph.D. dissertation, University of Amsterdam, 1989.
ZIV, Y. Parentheticals and Functional Grammar, in: BOLKESTEIN, A. M. ; de GROOT, C.; MACKENZIE, J. L. (eds.) Syntax and pragmatics in Functional Grammar. Dordrecht: Foris. 1985, p. 181-199.
Downloads
Pubblicato
Fascicolo
Sezione
Licenza
Copyright (c) 2023 EROTILDE GORETI PEZATTI
Questo lavoro è fornito con la licenza Creative Commons Attribuzione - Non commerciale 4.0 Internazionale.
Gli autori che pubblicano in questa rivista accettano i seguenti termini: a. Gli autori conservano i diritti d'autore e concedono alla rivista il diritto di prima pubblicazione, con l'opera contemporaneamente concessa in licenza con una licenza di attribuzione Creative Commons che consente la condivisione dell'opera con riconoscimento della paternità e prima pubblicazione su questa rivista. b. Gli autori sono autorizzati ad assumere ulteriori contratti separatamente, per la distribuzione non esclusiva della versione dell'opera pubblicata su questa rivista (es. pubblicazione in un repository istituzionale o come capitolo di libro), con riconoscimento della paternità e pubblicazione iniziale in questo rivista. c.Gli autori sono autorizzati e incoraggiati a pubblicare e distribuire il loro lavoro online (ad es. in archivi istituzionali o sulla loro pagina personale) in qualsiasi momento prima o durante il processo editoriale, poiché ciò può generare cambiamenti produttivi oltre ad aumentare l'impatto e la citazione di opera pubblicata