Ainda a questão: que gramática ensinar na escola?
DOI:
https://doi.org/10.18364/rc.v1i51.165Resumen
RESUMO: Este artigo tem como objetivo refletir sobre os fundamentos epistemológicos das diversas posições acerca do ensino de gramática, de maneira a reunir bases teóricas e políticas para responder à questão “que gramática ensinar na escola”? A análise evidenciou que: i) o enfoque descritivo, por adotar uma concepção naturalista e cientificista da gramática, não apresenta respostas satisfatórias às questões que envolvem a padronização linguística; ii) as alternativas para a superação dos impasses decorrentes das limitações do paradigma descritivo se apresentam de duas formas: a) uma perspectiva que defende o ensino de língua orientado para o desenvolvimento de competências de leitura e escrita, em que o ensino de gramática perde especificidade; b) uma perspectiva que postula a especificidade e complementaridade do trabalho com o texto e com a gramática. Diante da constatação de que muitas práticas de leitura e escrita se estruturam em torno da língua padrão, conclui-se que a gramática a normativa, em função de sua importância sociopolítica, deve ser a principal referência nas práticas de ensino de língua portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: Gramática tradicional; Gramática descritiva; Ensino de gramática.Descargas
Citas
ANTUNES, I. Muito além da gramática: por um ensino de língua sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
______. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
______. Gramática contextualizada: limpando o pó das ideias simples. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Trad. Eni Puccinelli Orlandi. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1992.
BAGNO, M. Gramática pra que te quero? Os conhecimentos linguísticos nos livros didáticos de português. Curitiba: Aymará, 2010.
BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
BAGNO, M. Preconceito linguístico. 56 ed. rev. e amp. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
BOURDIEU, P.; CHAMBOREDON, J-C; PASSERON, J-C. Ofício de sociólogo: metodologia da pesquisa na sociologia. Trad. Guilherme João de Freitas Teixeira. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.
BOURDIEU, P. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. Trad. Sérgio Miceli et al. 2. ed. São Paulo: Editora da UNESP. 2008.
CASTILHO, A. Nova Gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.
CASTILHO, A.; ELIAS, V. M. Pequena gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.
CHOMSKY, N. Regras e representações: a inteligência humana e seu produto. Trad. Marilda Winkler Avergbug et al. São Paulo: Zahar, 1981.
DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Trad. & Org. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
GERALDI, J. W. (Org.). O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2003.
HOBSBAWM, E. A invenção das tradições. In: HOBSBAWM, E.; RANGER, T. A invenção das tradições. Trad. Celina Cardim Cavalcante. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2012, p. 7-26.
LUCCHESI, D. Língua e sociedade partidas: a polarização sociolinguística no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015.
MACHADO, R. Foucault, a ciência e o saber. 3. ed. rev. e ampliada. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
MATTOS E SILVA, R. V. Que gramática ensinar, quando e por quê? In: ______. O português são dois. Parábola Editorial, 2004, p. 79.
______. Contradições no ensino de português: a língua que se fala x a língua que se ensina. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2005.
MENDONÇA, M. Análise linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro objeto. In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (Orgs.). Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006, p. 199-226.
PERINI, M. A. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
PERRENOUD, P. Desenvolver competências ou ensinar saberes? A escola que prepara para a vida. Trad. Laura Solange Pereira. Porto Alegre: Penso, 2013.
POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP: Mercado das Letras; Associação de Leitura do Brasil, 1996.
RAJAGOPALAN, K. Política linguística: do que é que se trata, afinal? In: NIKOLAIDES, C. et al. (Orgs.). Política e políticas linguísticas. Campinas, SP: Pontes Editores, 2013, p. 19-42
ROBINS, R. H. Pequena história da linguística. Trad. Luiz Martins Monteiro. Rio de Janeiro: Ao Livro técnico, 2004.
ROCHA, L. C. de A. Gramática: nunca mais: o ensino da língua padrão sem o estudo da gramática. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2007.
SANTOS, B. de S. Introdução a uma ciência pós-moderna. 4. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
ZABALA, A. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2002.
ZABALA, A.; ARNAU, L. Como aprender e ensinar competências. Trad. Carlos Henrique Lucas Lima. Porto Alegre: Artmed, 2010.